A chef de cozinha Manu Buffara abriu as portas de seu restaurante Manu, em Curitiba, na noite de 27 de maio, para uma experiência diferente. Conhecida na capital paranaense por utilizar a técnica da gastronomia molecular (que considera aspectos sociais, artísticos e técnicos da culinária), ela promoveu um jantar com produtos da Área de Proteção Ambiental (APA) de Guaraqueçaba, localizada no litoral norte do Paraná. No evento, os méis produzidos pelas abelhas nativas cultivadas por moradores locais da Acriapa (Associação de Criadores de Abelhas Nativas da APA de Guaraqueçaba) foram o grande destaque.

O encontro foi promovido em parceria entre a chef  Manu e a SPVS que, desde 2004, incentiva a meliponicultura (criação de abelhas nativas sem ferrão) na região e contribui com o desenvolvimento comunitário e a conservação da natureza.

Desenvolvimento consciente
No jantar, estiveram presentes produtores, jornalistas, membros da SPVS, do Governo do Estado e de empresas. Mais que apresentar novos pratos e apoiar uma causa, o encontro fomentou uma rica discussão sobre as formas de aliar desenvolvimento à conservação da natureza.

Ao usar os méis da Acriapa e outros ingredientes cultivados de forma orgânica em Guaraqueçaba, Manu valorizou uma atividade econômica benéfica à proteção dos ecossistemas desta região, que têm grande relevância para a diversidade biológica de todo o planeta. A APA de Guaraqueçaba, vale lembrar, está inserida no maior bloco remanescente da Floresta Atlântica brasileira. Na região vivem cerca de 10 mil habitantes, que lidam com o desafio de conciliar mais oportunidades para seu desenvolvimento com a manutenção dos ambientes naturais.

Adquirindo os principais ingredientes do jantar junto às comunidades locais — como méis, inhame, tucum, indaiá e pupunha –, a chef  cooperou com o envolvimento dos moradores da região em atividades que causam o menor impacto no meio ambiente e contribuem com a conservação da natureza. Assim, Manu reforçou a existência de um caminho capaz de substituir atividades econômicas convencionais, que acabam por acelerar a degradação da natureza. Ao contrário, desenvolvimento combinado com a conservação gera emprego e renda, e mantém a APA de Guaraqueçaba e a Floresta Atlântica vivas.

Realizar o jantar foi, portanto, a demonstração prática de uma engrenagem que envolve a conservação da natureza, as atividades econômicas, a geração de emprego e renda, os moradores da APA e os clientes que procuram uma casa como o Restaurante Manu. Trata-se, enfim, de um exemplo fundamental para uma região como Guaraqueçaba — carente de um modelo eficiente que dê melhores condições para sua população e ao mesmo tempo mantenha protegido seu patrimônio natural — e que pode ganhar força e escala, gerando benefícios mútuos para a natureza e para as pessoas.

Fonte: SPVS.

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